Especial "Santos Juninos" - São Pedro e São Paulo: os alicerces da Igreja
Em 29 de junho comemoramos o dia de São Pedro e São Paulo, os alicerces da Igreja e últimos Santos Juninos de nosso Especial! Porém, como aqui no Brasil a data deixou de ser feriado, a festividade foi transferida para o domingo mais próximo. A Solenidade de São Pedro e São Paulo Apóstolos é celebrada com os paramentos litúrgicos na cor vermelha, relembrando o martírio de ambos os santos.
Juntamente com a Solenidade de Pedro e Paulo, na qual lembramos que nossa fé está alicerçada no amor de Deus e no reconhecimento de Jesus como nosso Salvador, fazemos memória do amor incondicional ao Cristo, do testemunho de fé e da oferta de suas próprias vidas pelo martírio, que nos levam a refletir sobre a importância de vivermos o Evangelho e segui-Lo.
Sobre esta importante celebração, que é uma das mais antigas da Igreja – sendo anterior até mesmo à comemoração do Natal –, o Papa Bento XVI afirmou: "A festa de hoje oferece-me a oportunidade de voltar a meditar mais uma vez sobre a confissão de Pedro, momento decisivo no caminho dos discípulos com Jesus. Jesus convida-os a fazer uma opção que os levará a distinguir-se da multidão, tornando-se a comunidade dos que acreditam Nele, a sua 'família', o início da Igreja".
Já o Papa Francisco nos recorda: "Podemos caminhar o que quisermos, podemos edificar um monte de coisas, mas se não confessarmos Jesus Cristo, está errado. Tornar-nos-emos uma ONG sócio-caritativa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. Quando não se caminha, ficamos parados. Quando não se edifica sobre pedras, o que acontece? Acontece o mesmo que crianças na praia quando fazem castelos de areia: tudo desmorona, não tem consistência".
Pedro, a rocha inabalável
Pedro foi apóstolo de Jesus, compartilhando Sua vida púbica de pregação e também Sua Paixão. De origem humilde, chamava-se Simão por batismo e, posteriormente, foi chamado de Pedro por Jesus, que significa "rocha", pois era desejo do Cristo que Sua Igreja fosse edificada a partir dele - "Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16, 18).
Sendo pescador, conheceu o Senhor pelas circunstâncias de seu ofício. Em certa ocasião, Jesus apareceu e pediu a Pedro que lhe emprestasse sua barca, para que pudesse ficar nela um pouco afastado da margem do rio e, assim, conseguir realizar sua pregação para um número maior de pessoas. Pedro, que trabalhava com Tiago e João (que também se tornariam apóstolos), realiza o desejo de seu futuro Mestre. Ao final, Jesus pede a Pedro que lance suas redes de pescaria; Pedro informa que já havia tentado e não obtivera êxito. Jesus insiste e o milagre se dá, como descrito no Evangelho de Lucas: "E, quando acabou de falar, disse a Simão: ‘Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar'. E, respondendo Simão, disse-lhe: 'Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede'. E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede" (Lc 5, 5-6).
Neste momento nasce a fé em Pedro, e Jesus o chama para ser "pescados de homens". Ele, então, deixa tudo para seguir o Mestre. Como podemos testemunhar no Evangelho de Mateus, Pedro é o primeiro a reconhecer Jesus como o Messias: "Quando Jesus perguntou aos seus discípulos: 'E vós, quem dizeis que eu sou?', Pedro responde: 'Tú és o Cristo, o filho do Deus vivo'. 'Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu" (Mt 16, 13-19).
Muitas vezes fraco na fé, como ser humano que era, chegou a negar Jesus por três vezes, antes de Sua Paixão, quando Ele foi preso e torturado. Mas, pelo poder do Espírito Santo e pela misericórdia do Senhor, foi perdoado e proclamou pelo resto de sua vida que Jesus era o Salvador, filho do Deus Vivo! Após testemunhar a morte e a ressurreição de Jesus, Pedro foi confirmado na missão de pregar o Evangelho até seu último dia de vida; enfrentando a ira dos romanos e fariseus, foi crucificado de cabeça para baixo – a pedido seu, por não julgar-se digno de morrer como o Mestre.
Quando estudamos a vida dos apóstolos, devemos nos atentar ao fato de que, naquela época, a fé exigia um preço muito maior do que nos é exigido hoje. Assim, temos a oportunidade de nos inspirar ainda mais para proclamar o amor de Deus!
Paulo, o maior dos convertidos
Paulo foi criado em uma família judia ortodoxa e, desde a infância, seguia fervorosamente os ensinamentos da Torá. Foi um perseguidor voraz de cristãos nos primórdios da história de nossa Igreja, aprisionando-os e matando-os, como determinavam os romanos e judeus. Sua conversão ocorre no momento em que o próprio Jesus Ressuscitado vem ao seu encontro e convoca-o para servir a Deus como um de seus apóstolos. Nesta ocasião, Paulo – ainda Saulo, por batismo – fica cego por três dias, tamanha era a luz de Cristo que o interceptou no meio do caminho, até um cristão (de nome Ananias) o acolher e rezar por ele (ref. At 9, 1-30). Após esse evento, ele reconhece Jesus como Messias, converte-se, é batizado e começa sua pregação como discípulo. Mesmo não estando com Jesus segundo a carne, como os demais apóstolos, esta experiência transformou o curso de sua vida.
Por sua origem e educação privilegiada, Paulo possuía o dom da escrita e da oratória. Por isso, é responsável por 14 epístolas do Novo Testamento, escritas durante diversas viagens missionárias que realizava. Seus relatos estão entre os mais lindos e emocionantes da Bíblia, com histórias e ensinamentos de amor e retidão.
Paulo pregou o Evangelho incansavelmente e fundou igrejas nas principais cidades do Império Romano. De perseguidor passou a perseguido, sendo coroado com o martírio por decapitação (um "privilégio" aos condenados à morte que tinham cidadania romana). Porém, mesmo vivendo constantemente na perspectiva desta morte horrível, sua fé não se abalou: "Quanto a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo de minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Desde já me está reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo juiz, naquele dia; e não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor sua aparição" (2Tm 4, 6-8).
Dois homens, um só ideal: Cristo Ressuscitado!
Pela tradição, São Pedro é considerado o primeiro Papa; porém, ele e Paulo ensinaram juntos em Roma e fundaram o cristianismo como irmãos, após um episódio chamado "Incidente de Antioquía" – quando os dois debateram temas ainda não definidos sobre o cristianismo primitivo e, a partir daí, partiram para a construção da Igreja como instituição.
Assim, São Pedro e São Paulo foram as verdadeiras colunas de nossa Igreja. Entre provações e lágrimas, como pastores solícitos a seus rebanhos, não em busca de interesses próprios, mas em nome de Jesus Cristo, dedicaram sua vida para espalhar o exemplo de amor e retidão deixado pelo Mestre dos mestres.
Portanto, de Pedro colhemos a profissão de fé em Cristo Jesus e de Paulo nós conhecemos o "apóstolo por vocação, escolhido para anunciar o Evangelho de Deus" (Rm 1, 1). Apesar das imperfeições, Cristo nos escolhe, acolhe e perdoa, como fez com Pedro e Paulo. A partir desta escolha, cabe a cada um de nós aceitarmos Seu "convite", pois Deus conta com os nossos pés, mãos, olhos, ouvidos e boca para levar o Evangelho e sermos também pescadores de almas!
"Porque, se anuncio o Evangelho, não tenho que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o Evangelho!" (1Cor 9,16).
SÃO PEDRO E SÃO PAULO, ROGUEIS POR NÓS!