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  Acontece na Paróquia  

Lucieni Sttefen Rodrigues e Mariana Junqueira -

Sr. Alcides Braghetto: o primeiro coroinha da paróquia


No último domingo (02), tivemos uma participação muito especial na missa das 10h: o Sr. Alcides Braghetto, o primeiro coroinha da Paróquia Santa Teresinha. Como esteve presente desde o início da nossa história, o Seu Tite (como é carinhosamente conhecido) forneceu testemunhos valiosos sobre a nossa origem para o livro dos 80 anos.

Em uma singela homenagem, o Seu Tite foi convidado para entrar no momento do Ofertório com o livro. Então, ele foi apresentado à comunidade pelo pe. João Aroldo, que o colocou para servir um pouquinho como antigamente. Seu Tite colocou a água e o vinho no cálice do padre e depois purificou as mãos do padre. Foi uma emoção geral, tanto para o Seu Tite como para a comunidade que assistiu à esse momento. No final, o padre deu um livro de presente para ele.

Leia a seguir um breve trecho retirado do livro dos 80 anos:

O primeiro coroinha da paróquia

"Eu fui coroinha do pe. Dario, ele me requisitava pra fazer várias coisas da igreja. Quando a igreja Santa Teresinha foi construída, naquela época, o nosso bairro era um bairro de pessoas da classe média para baixo, não tinha condições de construir uma igreja, e sabe qual era o procedimento do padre? Eu e mais outros dois colegas, nós pegávamos os catálogos da lista telefônica de Recife, Bahia, Rio Grande do Norte, e outros, e nós procurávamos as casas comerciais e nós mandávamos um prospecto da igreja com os andaimes, solicitando donativos para construção da igreja, e vinham, vinham os donativos. Eu era a pessoa que ia buscar no correio de Santo André. Nós não tínhamos condição de fazer isso [a igreja], aqui era de média para baixo, esse padre Dario foi o propulsor da igreja Santa Teresinha! Infelizmente ele tinha uma doença, ele tinha um enfisema pulmonar e não tinha muita facilidade de conversar e participar, mas ele ia em todos os lugares que chamavam, ele tinha uma charrete e ia visitar as casas de charrete, ele era muito querido aqui no bairro, ele tinha o dom de proporcionar as coisas mais lindas que tinha na igreja, ele fazia quermesse, procissões, primeira comunhão... O padre Dario merece todos os louvores."

Seu Alcides conta que os coroinhas tinham medo de entrar na igreja na “missa de defunto”! Quando havia esta missa, por volta das 7h30, os coroinhas abriam a igreja, mas não entravam, ficavam do lado de fora, só entravam quando chegava alguém!

Colocava-se no chão da igreja um pano preto, uma cruz amarela, quatro castiçais, o padre usava veste apropriada para a ocasião, utilizava-se um missal diferente, e o padre fazia uma encomendação como se o corpo estivesse presente e tudo em latim. Depois da encomenda os familiares jogavam água benta sobre o pano preto. Quando a pessoa era abastada, no lugar do pano preto utilizava-se um objeto de nome ESSA, segundo Sr. Alcides, este objeto era parecido com uma pirâmide de mesas de madeira sobrepostas com uma cruz em cima (não encontramos referência), aí o medo era dobrado!!

Sr. Alcides tinha uma função maior que os outros coroinhas, pois era mais velho. Então, após a missa de domingo ia aguardar as famílias que iriam receber o sacramento do batismo para avisar ao padre, porque na época a pessoa chegava na hora para batizar, não havia agendamento. Consta o primeiro batizado em 1940, mas antes do livro de registros já haviam batizados na Paróquia Santa Teresinha, porém na certidão ficava registrado como Igreja do Carmo; a certidão era entregue após o batismo.

A igreja foi basicamente feita com dinheiro de fora da comunidade, pois os moradores não tinham condições financeiras de ajudar; então padre Dario pesquisava endereços de famílias de posse de diversas regiões do país, as quais, solicitava contribuições para a construção da igreja, onde havia uma torre com um alto falante, quando o padre recebia recado do correio, que havia chegado carta registrada, o padre, pelo alto falante, chamava: “Tite, o teu lugar é aqui na igreja”, era o código para ir buscar o dinheiro no correio. E assim a criançada pegava no pé de seu Tite, porque tinha que parar de jogar a bola, que era uma paixão no bairro, para atender o padre. Sr. Alcides precisou deixar a função de coroinha, pois precisou começar a trabalhar.

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