Quaresma e Campanha da Fraternidade 2021
- Kátia Pazini - Pascom Santa Teresinha
- 16 de fev. de 2021
- 3 min de leitura

Sobre a Quaresma
Sabe-se que, aproximadamente 200 anos depois de Cristo, os cristãos introduziram três dias antes da Páscoa dedicados à oração, à meditação e ao jejum como sinal de luto pela morte de Cristo.
Pensaram também que não deveria ser só preparada, mas era necessário encontrar também uma forma de prolongar a alegria e a riqueza espiritual da Páscoa. Foram assim instituídas sete semanas depois da Páscoa, 50 dias de Pentecostes que deveriam ser celebrados com alegria. Durante os dias de Pentecostes, rezava-se em pé, era proibido jejuar. Era como se o dia de Páscoa durasse 50 dias.
Desde os tempos antigos, a Quaresma sempre significou um período de renovação da própria vida. As práticas a cumprir eram três: a oração, a luta contra o mal e o jejum.
• A oração para pedir a Deus força para se converter e para crer no Evangelho. Aqui ressalta-se o aspecto da mudança, da consciência do próprio erro e a possibilidade de seguir um caminho diferente. O segundo aspecto é rezar para ter a fé como dom de Deus. Quase que se poderá dizer que a quaresma é um tempo de retiro vivido por toda a Igreja;
• A luta contra o mal para dominar as paixões e o egoísmo, abrir-nos aos outros;
• O jejum, pois para seguir Jesus Cristo, o cristão deve ter a força de se esquecer de si mesmo, de não pensar nos próprios interesses, mas só no bem do irmão. Assumir uma atitude constante, generosa e desinteressada não é fácil. É este o sentido do jejum. Também pode significar que, para ajudar a quem se encontra em mais necessidade, muitas vezes é necessário renunciar àquilo do que se gosta e isso implica sacrifício. O fruto do jejum servirá para matar a fome e a sede a um necessitado.
A Quaresma é tempo favorável para, através de diversas formas, renovarmos a nossa fidelidade cristã. O gesto de imposição das mãos na quarta-feira de cinzas leva-nos a tomar consciência da nossa condição de pecadores. É tempo propício para o aprofundamento do desígnio de Deus sobre cada um, e também de renúncia, conversão e crença.
Ao longo destes 40 dias, as leituras sugerirão: sentido de jejum e da partilha, amor ao próximo, importância da oração, conversão, justiça de Deus, a sua misericórdia, o perdão e a reconciliação. Estas leituras quaresmais levam-nos a interrogarmo-nos: como vivemos as exigências do nosso batismo? Sugere-se mais reflexão sobre a Palavra de Deus, mais oração e a Via-Sacra.
Campanha da Fraternidade 2021
Em tempos de fundamentalismo e polarização que estamos experimentando em nosso país, a Campanha da Fraternidade de 2021 será ecumênica e terá como tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor”. E, como lema, o trecho da carta de Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14).
A primeira Campanha da Fraternidade Ecumênica se deu no início do ano 2000 e, desde então, chegamos a esta quinta edição colhendo os frutos da ação diaconal ecumênica transformadora. Organizada pelas igrejas-membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), terá também a participação do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (Ceseep) e da Igreja Betesda.
No atual contexto brasileiro, é de suma importância que todo trabalho realizado nesta Campanha da Fraternidade Ecumênica vise identificar as causas geradoras das intolerâncias e promover um diálogo autêntico que contribua para a promoção de uma paz vital e que se manifesta em uma unidade que valoriza e que acolhe a diversidade.
Entre tantas, podemos identificar as seguintes causas geradoras de intolerância: a tendência de se negar a história construída para ocultar as desigualdades e fortalecer as hierarquias sociais do Brasil; e a descontextualização de Jesus, que o transforma em uma pessoa que não interagiu e não se manifestou sobre os conflitos e opressões de seu tempo. É preciso denunciar sempre que o nome de Jesus for usado indevidamente para gerar diferentes violências e usado para a discriminação, para o racismo e para legitimar a destruição da Casa Comum.
Por isso, este sonho ecumênico tem como objetivo geral convidar as comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para superar as polarizações e as violências por meio do diálogo amoroso testemunhando a unidade na diversidade.
Esta Campanha da Fraternidade Ecumênica terá como processo metodológico uma espécie de caminhada, uma trajetória de autocrítica e de afirmação, um testemunho crítico a uma sociedade que está sendo estruturada sobre a violência. A inspiração está no texto dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35) que, ao decidirem realizar o caminho, redescobrem o Cristo da Paz e da Ressurreição.
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